Pelo buraco da fechadura do portão enferrujado
Espio o jardim secreto das brincadeiras do passado
Um redemoinho cria e espalha vento
Subindo assim... as reminiscências
Daqueles quintais de dentro
Trazendo as folhas secas e as frescas de diversos tons
As cores das páginas amareladas das histórias inventadas
No brincar de casinha, das naves espaciais
As bonecas, os carrinhos, as bolas, os peões, os jogos...
O inventar, o seu faz de conta
O jogo da amarelinha, no céu, no inferno
Os canteiros, as hortas, os pomares,
as trepadeiras que vão em direção ao infinito
como o pé de feijão do João
As cirandas, as rodas a circularem sem parar
No redemoinho da memória
Subindo... subindo...
Com a ventarola do passado
Tudo sobe, gira e circula
Eu apenas observo do lado de fora,
desse buraco de
fechadura
Dessa fenda de memória
Janela da mente
Buraco do coração
O enferrujado portão
A frágil cerca
O velho muro
O empoeirado porão
O cantar dos pássaros nos desperta
No alto do edifício de concreto
E assim um tanto desperto
Dos sonhos ao relento-lento-vento
E assim eu retorno para o meu EU ser adulto
Para o meu
epicentro
Deixo tudo e todos lá para qualquer hora viajar
Aos quintais de dentro...