segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"meu querido diário..." - 1a. anotação da profaninha...




  ...escrevo com letras minúsculas, porque não sei bem ao certo, qual meu tamanho ou altura, de meu corpo ou felicidade, minha cor da pele, meu cheiro, a espessura das partes de meu corpo, o peso de meus desejos, não sei minha idade, nem ao menos onde estou, como são meus cabelos, meus olhos, meu sexo, sou menina ou mulher, pênis ou vagina, virgem ou promíscua, apenas existo e sei que estou sobre minhas duas pernas, espero por algo entre elas, úmidas, sentidas, tremem, por isso sei que não sou cadela, porque também escrevo, cadelas não escrevem, pelo menos, pelo que sei, mas não sei se sou menos racional que elas, enfim, aqui quero escrever desordenadamente meus dias que já foram, meus dias que virão, delicados ou sórdidos, invernos e verões, um dia descobrirão comigo quem sou e tudo o que faço ou o que já fiz, se estou viva ou se morri, essa é a minha primeira página, meu primeiro orgasmo literário do - diário proibido de josephinne fly...

(...me cansei, agora dormirei com os anjos...)

ass. josephinne fly



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"Pra entrar cor"



Um dia...
Achei que faltava um pouco de cor...
Então...



Comprei tintura pra colorir os cabelos opacos
Pintei as paredes pálidas
Tingi as roupas cinzentas
Dissolvi suco vagabundo multicor na água cristalina
Plantei flores no jardim
Adquiri um par de lentes de contato
Esmalte nas unhas quebradiças
Maquiagem nas maçãs invernais da face



Pintei uma tela com certa paisagem psicodélica
Pinto... tinjo... 
um amor ausente
pra que ele esquente
sente e fique
com licença, 
ta chegando gente...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Vamos abrir as janelas?"

 


Vamos...
Vamos abrir...
Vamos abrir as janelas...

Hoje acordei e qual a primeira coisa que fiz?
Abri as janelas
Não acreditei no que vi
Não falo das janelas do quarto e sim das janelas d’alma

Vamos...
Vamos abrir...
Vamos abrir as janelas...
Vamos abrir as janelas d’alma!

Num playground, vi crianças brincando de vídeo game
Seus pais descansavam tranqüilos, pois seus filhos estavam quase imóveis
No metrô as portas se abriam no mesmo instante
E todos saiam para uma mesma direção
Um mesmo olhar e entravam em caixas de papelão
 


Vamos...
Vamos abrir...
Vamos abrir as janelas...
Vamos abrir as janelas d’alma?

Manequins uniformizados marchavam de maneira apressada
Cada um sem expressão e cabeça pelada
Na cantina italiana todos se lambuzavam em molhos e peitos a parmeggiana
Na churrascaria o pedido que mais se queria era a preferência nacional
Bundas tostadas com marcas de biquíni fio dental


Por favor...


Vamos...
Vamos abrir...
Vamos abrir as janelas...
Vamos abrir as janelas d’alma!


Não falo das janelas da sala, e sim das janelas d’alma...


Vamos?