segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

"A Volta da Mulher Rasgada"








        
            Com a alma dilacerada, o coração partido, rasgou a sala e partiu deixando a porta escancarada para o sempre. 

       Com o lábio partido, o vestido rasgado e o olhar escancarado cortou caminho pela avenida infinita de um nada dilacerado. 

        Com a memória escancarada, lembranças rasgadas, cenas partidas, cortou de leve um transeunte, dilacerando-o assim em desejo e deu de cara com o beco limitado para o hoje. 

Escancarou seu vestido, rasgou o transeunte, partiu para ele, dilaceraram o beco cortando assim para a próxima página cheia de possibilidades futuras abertas para um desfecho de reticências.



        Assim a noite obscura partia, o sol rasgava um novo dia escancarado de sol, rasgando uma nova cidade dilacerada de dias, idades e possibilidades cortadas para...


       Neste exato segundo a página foi rasgada pela mulher magoada, atirando assim ao longe o livro e deixando a Mulher Rasgada sem saber para onde transitaria com o transeunte e por quanto tempo estaria com ele e quanto viveria, mas dai refletiu bem - que estas respostas não existem nem nos livros ou romances bons que sempre acabam antes.
  
rasgada... partida... magoada... desfeita... desvalida... desfeita em tiras na poça da chuva espelhava nuvens, se mesclava a água e se encorpava em novo papel, nova mulher, outro romance, outra estante, instante outro que partia...