segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Batman e Platão no Darkroom"


(texto publicado pela primeira vez em 2006 na coluna 
Liquidificultura em site parceiro do Cosmo Online)

O Mito da Caverna – certa história nos conta que algumas certas pessoas, num certo local, viviam aprisionadas sem nunca conhecerem certamente o que existia lá fora e sem nunca terem visto certa luz do dia. Imobilizados por correntes nas paredes, a única forma que conheciam eram as sombras dos prisioneiros que passavam atrás do muro onde se encontravam.

A Grande Sacada de Platão – foi criar esse mito para ilustrar como nos habituamos a mesmice e ao mundinho pequeno e limitado em que vivemos. Uma pessoa que se libertasse dali se chocaria com o mundo que nunca viu. Provavelmente haveria certos prisioneiros que prefeririam não se arriscarem a conhecer o temível mundo lá fora. O medo do desconhecido. Mas metaforicamente, o que ele quis dizer, talvez fosse que não queremos reconhecer nossos defeitos, a repetição de nossos mesmos erros que nos distancia mais e mais de nossa tão almejada perspectiva, ou de nossa fuga preferida. Sair do útero materno. Chocar-se com a luz bruta e levar o primeiro tapa. Ter que trocar o certo pelo duvidoso. Será que queremos sair de nossas cavernas? Será que estamos prontos?

Enquanto isso na Batcaverna... – o homem-morcego surgiu como super herói em sua primeira aparição - alguns acreditam ter sido - em desenhos de Frank Foster em 1932. Bruce Wayne, já interpretado por vários galãs no cinema - como se mostrou em “Batman Begins” - presenciou o assassinato dos pais quando criança. Isso fez com que o órfão bilionário se revoltasse e após criar um modelito pretinho básico – nada discreto – e após colocar uma máscara, passa a lutar contra as forças do mal. O super herói mais realista dos quadrinhos, do cinema e da TV, já que não tinha super poderes. Quando Gothan City está em perigo, ele sempre se dirige para sua batcaverna e passa de Bruce a Bat. Sem mutações, apenas veste sua fantasia.

Que Fim Levou o Robin? Para quebrar sua lúgubre solidão em sua batmansão, adota o ex-trapezista que passa a se denominar Robin. Para muitos, o maior caso de amor gay enrustido dos quadrinhos e etc. Como dizia o DJ Mauro Borges em “Que Fim Levou o Robin?” – sucesso dos anos 90 com a banda de techno-pop de mesmo nome - Robin foi visto no Brasil como go-go boy, dançando numa famosa boate moderna. Teria sido um amor platônico? Será que todas as noites, Bruce Wayne em seu batquarto, batia uma batpunheta?

O Antiguinho Moderno - Arístocles - 428/27 a.C. - um cara muito conhecido na Grécia Antiga, nascido em Atenas, ganhou o apelido carinhoso de Platão, devido seu porte atlético ou sua dimensão intelectual. Filósofo por natureza, tornou-se um célebre pensador e discípulo de Sócrates – não confundir com o jogador de futebol. Platão buscava a verdade através de perguntas, perguntas, perguntas e mais perguntas.

Amor Platônico - o famoso termo, se deve a um caso de amor do mesmo Platão, que nunca se concretizou por ambas as partes, servindo assim de denominação para nossas fortuitas histórias de amor à distância no decorrer da História. Ele ainda dividia o nosso mundo em duas fatias – “O Mundo das Idéias”, perfeito e eterno e “O Mundo Real”, finito e imperfeito. Isto é... um mundinho pirata, cópia mal feita do tão idealizado “Mundo dos Sonhos”. Será que na Grécia Antiga, tão liberal, mais do que o preconceituoso mundo atual e hipócrita, teria o tão plácido Platão, vivido um amor platônico por alguém do mesmo sexo?

Tudo o que você sempre quis saber sobre morcegos, mas teve vergonha de perguntar - os únicos mamíferos que tem a capacidade de voar devido à transformação de seus braços em asas. Existem atualmente quase 1.000 espécies de morcegos. Geralmente os morcegos saem de seus abrigos ao entardecer ou no início da noite e se comunicam e voam orientados por sons de alta freqüência. A alimentação dos morcegos varia conforme a espécie. Existem os que se alimentam de frutos, outros de néctar das flores, insetos, sangue. Os morcegos em geral ficam abrigados durante o dia em locais como - cavernas, ocos de árvore, etc.

Tudo o que você nunca quis perguntar sobre Batbibas, mas nunca perguntou porque simplesmente não sabia que existiam - os únicos seres humanos mamíferos que tem a capacidade de voar, tomando ou não, Red Bull. A prova disso é o inesquecível sucesso de “As Frenéticas” cantando - Abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia... Existem atualmente quase 1.000 espécies de batbibas. Geralmente elas saem de seus empregos ao entardecer ou no inicio da noite e voam orientadas por sons de alta freqüência como techno, house, psy, trance, qualquer música da Madonna, entre outras divas louras.

Bat - Food / Bat - Fuck - A alimentação varia conforme a espécie. Existem as batbibas mais velhas que se alimentam de frutinhas frescas bem recentes no mercado, outras se alimentam de néctar de flores, são as que quando abrem a boca, é um verdadeiro desabrochar de rosas, margaridas, violetas, etc. Há batbibas que se alimentam de insetos, incurável preferência por seres escrotos, às vezes são apaixonantes e mesmo eliminando-os de sua vida, podem causar seqüelas. Por último a espécie dos que se alimentam de sangue, as famosas sanguessugas - não as da CPI - e sim aquelas que grudam, não pagam a conta da mesa do bar, chegam de repente com todos os pertences em sua casa, prontas para dividir seu habitat natural com você, geralmente causam sintomas desagradáveis como estourar o limite de seu cartão de crédito e “otras cositas más”. As batbibas em geral ficam abrigadas durante a noite em locais como: boates, bares, darkrooms, apartamentos, cavernas, etc, etc, etc.Geralmente partem quando já amanheceu, provavelmente migram para seus ninhos ou para o parceiro de acasalamento da noite ou da época.

Darkroom - do inglês - quarto escuro - um quarto ou sala com iluminação muito baixa ou totalmente escura que normalmente é situado em um estabelecimento gay. A finalidade do dark room é atividade erótica entre os presentes que é quase anônima por causa da escuridão, e por isso pode ajudar reduzir as inibições das pessoas. (Encontrei na internet está definição pedagogicamente fantástica, ilustrativa e sutilmente lúdica. Nunca imaginei!) Darkrooms começaram a aparecer nos Estados unidos nos anos 70, em boates gays. Hoje em dia também há darkrooms em estabelecimentos héteros. (Pasmem! Desconhecia tal fato!) A palavra darkroom refere-se em inglês á câmara escura para revelação de fotografias. Para referir-se ao quarto escuro para sexo, usa-se a palavra backroom - quarto traseiro - (Desconheço tal fato!)

Eu, Capitão Caverna?! - Desde a Idade da Pedra, lascada ou polida , nos escondemos atrás de máscaras, era assim no Teatro Grego do “Mundo Real”, é assim com os Batmans de nossos “Mundos Imaginários”. É assim dentro de nossos apartamentos / rooms, de nossas cavernas calorosas ou sombrias, dentro de nossa solidão/dark. Era assim nos bailes carnavalescos venezianos, mantermos o anonimato, o latente, o misterioso, o Amor de Platão, ou o batsexo anônimo, na batcaverna, ou mesmo sob a luz do dia, colocar a mascara sorridente do bem estar e felicidade. Para onde vamos? Corremos de batmóvel para a batcaverna, fugindo do bem e do mal que podemos causar a nós mesmos, sem super herói para nos salvar e viver no oco do que não deveria ser. Para prevenir a humanidade, a Grécia Antiga criou seus Mitos, mas são inevitáveis, estão dentro de nós e fazem parte de nosso dia-a-dia, estão dentro de nós / cavernas.



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