sábado, 30 de junho de 2012

"Alice... não mora mais aqui!"





A caixa de cartas inflada
O burburinho das borboletas mudas
Os risinhos fantasmagóricos da alegria pretérita
O jardim inacabado ou nunca começado
As ripas despencando banguelas das janelas
O portão que quer dizer algo
Por dentro das janelas a solidão que passeia 
e dança no baile solitário de pequena vasta sala
Salão
Sala de solidão
Silêncio que rodopia bebâdo
No quintal as margaridas não mais garridas
se amargam e secam ao sol
Muitos batem a porta
Muitos à procuram
O coelho saltitante diz histericamente:
- Ta na hora... ta na hora!
As xícaras vazias e sujas de certo chá sobre a pia
O vestido azul rodado pendurado no cabide
O avental branco jogado sobre a pia
A calcinha de renda vermelha sobre o tanque
Um coelho morto
Uma fragrância de ópio no ar
Não adianta procurar
Muitos leram...
Vários comeram...
Diversos beberam...
...Alice
Tantos se entorpeceram dela
Saiu sem avisar
Não deixou endereço
Alice... não mora mais aqui


terça-feira, 12 de junho de 2012

breves anotações sobre o silêncio...




Silêncio...

pode ser notícia de morte
ser o respiro de quem ficou mais forte
o momento de se fazer uma nova vida
pode significar apenas despedida
chegada ou partida
ser um adeus de vez
ou ser o - vim pra ficar!

Silêncio...

pode significar sabedoria
ser a pausa da ignorância
ser o cansaço da distância 
tão... não alcançada

o silêncio...

sepulcral da criança abusada
o tilintar dos cílios da fada
o fim do fado na beira do Tejo
quieto lampejo
pálido reflexo
pode ser música para meus ouvidos
falta de assunto
segredo
mas não vejo
a hora que você se cale
não fale!

Silêncio...