quarta-feira, 24 de julho de 2024

"os quintais de dentro..."

 



Pelo buraco da fechadura do portão enferrujado

Espio o jardim secreto das brincadeiras do passado

Um redemoinho cria e espalha vento

Subindo assim... as reminiscências

Daqueles quintais de dentro

Trazendo as folhas secas e as frescas de diversos tons

As cores das páginas amareladas das histórias inventadas

No brincar de casinha, das naves espaciais

As bonecas, os carrinhos, as bolas, os peões, os jogos...

O inventar, o seu faz de conta

O jogo da amarelinha, no céu, no inferno

Os canteiros, as hortas, os pomares,

as trepadeiras que vão em direção ao infinito

como o pé de feijão do João

As cirandas, as rodas a circularem sem parar

No redemoinho da memória

Subindo... subindo...

Com a ventarola do passado

Tudo sobe, gira e circula

Eu apenas observo do lado de fora, 

desse buraco de fechadura

Dessa fenda de memória

Janela da mente

Buraco do coração

O enferrujado portão

A frágil cerca

O velho muro

O empoeirado porão

O cantar dos pássaros nos desperta

No alto do edifício de concreto

E assim um tanto desperto

Dos sonhos ao relento-lento-vento

E assim eu retorno para o meu EU ser adulto

Para o meu epicentro

Deixo tudo e todos lá para qualquer hora viajar

Aos quintais de dentro...

 

 

domingo, 28 de abril de 2024

ruídos de silêncio


 me abstraio do externo

as falas, os berros, os burburinhos

as músicas e sons dos vizinhos

mergulho em silêncios

tão silenciosos que chegam a fazer barulho

barulho tão quieto

quietude rara

são ruídos de silêncio

sobre os sons?

abnego, abstenho

escapo

dos sons ao meu redor

do imaginário obsoleto

fico absorto

um absurdo, solto

mas não surto...

dos ruídos... um aborto...

o silêncio é o ruído morto.