domingo, 21 de março de 2010

"intempéries"

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(a numerologia diz que de sete em sete anos nossas vidas sofrem furacões).

brisa forte pode ser tempestade
chuva torrencial de leve pode ser garoa
maremoto tranqüilo pode ser um copo d’água
oceano pode ser só magoa
pra enfrentar tua lágrima posso precisar de canoa
pra me lavar de ti posso querer uma lagoa
neve que branqueia tua presença é picolé
atravesso o mar a pé
nuvens são duchas
regam pessoas/flores murchas
molham a avenida que sigo na contramão
dividindo dois lados
prédios e tédios
tédios e médios
médias construções
edifícios que quase arranham céus
eles são concretos artifícios
altos precipícios
abismos urbanos
andares de enganos
de onde pergunto insano
quem planta tempestade, colhe o que?
neste instante a multidão abre seus guarda-chuvas
formando uma imensa nuvem negra
que não protegem pessoas
apenas guardam chuvas que já passaram
lembranças molhadas que secaram
como um álbum de intempéries

- Vejo alguém na janela do último andar, é a sentinela dos malditos!


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