quinta-feira, 4 de março de 2010

"As Pombas Cinzentas, o Transeunte Degustador e a Sapatão Aliviada!"




Ontem à tarde sentei-me a uma mesa de bar. Isso, coisa de vagabundo mesmo, ir a um  bar durante a semana e ainda mais à tarde. Com a mesa na calçada para poder degustar de alguns cigarros que o Serra ainda nos permite, longe do teto, longe do toldo, longe de todos, quase todos, de frente para uma famosa e pitoresca praça de Campinas. Fui ali porque é o lugar menos solitário e mais agitadinho para se degustar de uma cerveja solitária entre tragadas que o outro “S” perigoso – São Pedro – também me concedeu. Ali me deparei com certa repulsa, que conforme o dia não nos cai muito bem. Algumas, muitas, pombas cinzentas em meio aos paralelepípedos cinzentos, misturando-se a eles e as pedras cinzentas da praça, um cinza sórdido pra mim, indiferente pra outros. Ali elas estavam em muitas porque alguém as alimentava, então vinham aos montes e disputavam um croquete sujo. Elas que já são transmissoras de tantas bactérias, elas que por alguém que conheço, são chamadas de ratos alados, disputavam a bicadas aquela fritura industrializada e jogada no chão. Sim, as pombas não comem mais milho. Senti leve pânico, pareciam os pássaros  de Hitchcock, que ele não me ouça! Elas também bicavam guardanapos jogados no chão. É o máximo da paisagem decadente. Elas que simbolizam o espírito santo, pra quem acredita, não é o meu caso, pareciam mais o espírito de porco urbano e cinzento portador de bactérias e habitantes de condicionadores de ar e metralhadoras de merda. Tudo isso bem próximo dos meus pés, no meu enquadramento central de visão. Se não bastasse, à minha esquerda um transeunte até que decentemente vestido se apoderou de uma mesa abandonada e fartou-se com as sobras que o garçom não se prontificou a retirar naquela tarde sem movimento. Enquanto que no extremo oposto, à minha direita, uma sapatão, refiro-me desta forma pejorativa, porque ela era o ápice do estereótipo em sua total forma, mais máscula que o Schwarzenegger em “Conan, o Bárbaro”, tossiu e arremessou sua secreção a longa distância. O que fazer? Beber. De noite fui a um bar bem charmoso em Barão Geraldo. Incrível como os melhores bares em questão de conceito e estilo não ficam em Campinas. No dia seguinte resolvi ficar em casa e escrever este texto pseudo-poético. Oras, pombas! Pura psicose! Vale lembrar que amo animais e jamais faria mal a uma pomba. Foi apenas um desabafo momentâneo.

 




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