segunda-feira, 12 de abril de 2010

"Um Cadilac, um Pacote, um Ex e uma Atriz"


Era um cadilac amarelo. Pelo menos foi assim que me contou "ela"., uma amiga atriz. O cadilac parou e ela entrou, no cadilac amarelo. Quem guiava era nada mais, nada menos que seu “ex”, (a pergunta que não quer calar – qual deles?) que em dado momento era algo atual, nada passado, tudo presente. Eles conversavam e o cadilac os levava, o cadilac amarelo, para algum lugar. Para a grande surpresa dela, eles não estavam a sós no cadilac. O cadilac amarelo trazia alguém no banco de traz. Era um peso morto! Não defino assim por força de expressão, era realmente um morto. Isso causou a inconformação "dela". Onde já se viu transportar um morto! Isso é um serviço para um carro funerário. Não para um cadilac amarelo. Mas com a maior naturalidade, seu ex - em forma de atual - explicou que era apenas um transporte para que o morto pudesse ser enterrado em sua terra natal, a família aguardava ansiosa. Sendo assim seguiram com o processo de despacho funerário no cadilac, no cadilac amarelo. O despacho propriamente dito era feito numa ampla, muito ampla, digo ampla mesmo, agência dos Correios e Telégrafos. Com o maior cuidado para que o defunto não se lascasse ou trincasse, mercadoria frágil. "Ela" sempre tão generosa saiu pra comprar metros e metros de plástico bolha e embalou o presunto para viagem sem freezer. Ficou estupefata com o preço exorbitante do sedex que enviaria aquele que veio do pó e ao pó voltaria. Irada sussurrou: - Enterre em qualquer lugar! Já morreu mesmo! Pra que tanto gasto e trabalho com um morto e ilustre desconhecido? Assim o peso/passado/morto seguiu, foi despachado dessa pra melhor ou pior. A estrada poderia ser seguida com ou sem o acompanhante do volante, bastava descer e seguir em frente. E desta maneira sumiria no horizonte rodoviário, o cadilac, o cadilac amarelo. Poderia ser um filme de David Lynch. Mas não, foi apenas um sonho... dela. 


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