... era dia de festa...
Não sei ao certo por quê? Mas tenho plena certeza que era dia de festa. Comemoração.
Nós fomos à festa onde não conhecíamos quase ninguém, mas isso era tão irrelevante tratando-se de um dia de festa que pouco nos importamos.
Não tentamos conhecer todos da festa, e sim persuadimos a todos, sem que os próprios percebessem, mas sim soubessem quem éramos nós.
Comemoramos, bebemos. Comemos, bebemoramos. Bebemos, bebemos... nos entregamos, nos esfregamos, comemos, comeram-nos, com copos e copulamos, copularam-nos sob a cúpula da luminária de design italiano derramando copos e líquidos. O que importava não era a conturbada festa dionisíaca e sim... o design. Da luminária italiana e dos copos.
Ofendemos os poucos amigos e nos entregamos literalmente degustando inimigos como ambrosías.
Caímos, rolamos e ao raiar do dia partimos conhecendo menos pessoas das poucas que chegamos conhecendo.
Partimos apagando mais ainda a imagem que quase poucos, quase nunca, sempre tiveram de nós quase sempre.
Dias depois ousamos tentar lembrar do que fizemos, mas a dor da amnésia era maior que a dor da ressaca moral rançosa do rancor da perda do que não houvera.
...então indagamos:
- O que se comemorava mesmo naquela festa?