Mais uma vez, desistir...
Uma linha tênue separava o voltar, do seguir em frente. Mergulhar e se afogar em mais uma reprise de engodo. Com ideias amargas, a boca azeda, pensou bem e agiu rapidamente com doçura. Desistiu. Talvez o desistir tivesse esse aroma desagradável de covardia, para outros fosse apenas a autenticidade de assumir seus atos, pensamentos, decisões. Meu Deus! O que faria agora? Começaria tudo novamente? Do princípio? Tantas perguntas se fazia, e ao mesmo tempo, todas voavam pela janela do ônibus. Seus ombros comprimidos entre os outros tantos ombros no último banco inteiriço do fundo. Teria que voltar para casa e dizer... dizer o quê? Dizer nada. Por que é que sempre se tem que dizer alguma coisa - pensou. Sábio é o silêncio que diz tanta coisa ao mesmo tempo sem um ínfimo ruído. Hesitou em dar o sinal, mas mudou de ideia e acenou com as pálpebras para a janela do seu quarto que se afastava, conforme o ônibus se distanciava. Agora teria que ir pra algum lugar. Porém isso não seria problema, o que não falta são lugares neste mundo. Pontos depois, pessoas desceram, decidiu então que aquela praça seria um bom lugar para aportar. Desceu os degraus e colocou os pés sobre a calçada. Seguiu sem saber para onde. Tinha os pés no chão, mas não metaforicamente. Pairava no ar, como folha de papel. Pronta pra ser apanhada, em branco, esperando por um novo texto, ou um desenho. Tinha receio que andava em círculos dentro de uma mesma anedota tosca, mas precisava seguir em frente. Mais uma vez voltava de lugar algum e seguia para lugar nenhum, esperando por um traço que lhe desse outro rumo. Uma volta, uma nova história, uma nova mulher... folha...
Quando começou a trovejar, se recolheu com seu vestido branco rodado, embaixo de um toldo para que não se desmanchasse com a chuva vindoura.
gostei.
ResponderExcluirgostou?...rs