Entre tecidos e texturas, flores e listras, às vezes em muitas cores ou em apenas tons pastéis vive a Mulher/Cama, entremeando pompons, rendas e franjas .
Só vê a luz dos abajures e ilustres lustres, conversa com os criados mudos, revira álbuns do guarda-roupa, submissa espera alguém bater a porta, reza para que não demore.
Só vê a luz dos abajures e ilustres lustres, conversa com os criados mudos, revira álbuns do guarda-roupa, submissa espera alguém bater a porta, reza para que não demore.
Sobre quatro pés, entre quatro paredes, de quatro...
Seus seios macios como um travesseiro, seu corpo quente como um edredom. Os envolve e os protege do frio, homens tão frágeis longe de suas mães.
Ela, a Mulher/Cama sabe que só o tem ali, na alcova. Seu amante não se farta em dizer:
- Nos damos bem só na cama, nos entendemos somente no quarto, combinamos só na cama, não nos amamos, mas quando encostamos nossa pele, acabamos entre lençóis.
Ela não se cansa de encontrá-lo por aí, mas sempre está só, fora de quartos de motel, quartos de hotéis sórdidos, ora uma pousada poeirenta...
Não se cansa de se prometer que será o último dia, a última hora, a última vez, assim fica estática e só admirando o dossel da cama de sua casa solitária, seu modesto céu de tecido algodão azul.
Espera que o telefone toque e que seja ele arrependido prometendo deitar-se sobre ela... somente sobre ela e mais ninguém.
O telefone toca... e ela volta...
Pensa em poder se desdobrar em várias para satisfazê-lo... e tentar migrar de vez para outros cômodos, outros ambientes possíveis... mesa... banho... e finalmente poder estar na sala de estar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário