quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Página Vermelha"






(Inédito, escrito há vinte e cinco anos (por volta de...)




A lua sobe,

A noite cai,

Estrelas e postes acendem

Na negra noite de néon.

Noite reflete e espelha,

Na manhã seguinte

Na página vermelha.

Bares, todos os lugares

Abrem suas portas.

Noite abre suas pernas.

Todos se abrem.

Noite que cospe suas tribos.

Mocinhos, bandidos, punks, darks, metaleiros, góticos, grunges, skatistas, pixadores, surfistas, androides e andróginos.

Desfilam na noite

E estampam a página vermelha.

Todos expõem suas armas... almas...

Revolveres, cassetetes, beijos, facas, navalhas, bocas, giletes, olhares, sexos e canivetes.

Lutam na noite

E se rendem

Na pagina vermelha.

Todos se perdem no proibido,

Liberam libido

Sem álibi, sem gemido

E desafiam as leis da selva noite.

Noite apocalíptica noite,

Avenida visceral,

Sedução recíproca,

Noite marginal.

Todos gatos são pardos,

Todos cordeiros são lobos,

Ninguém é de ninguém,

Ninguém é ninguém.

Nada se parece,

Ninguém se assemelha,

Só tem identidade,

Na página vermelha.

Mãos ao alto!

Isso é um assalto, um estupro, um sequestro, um assassinato, um encontro.

Paixões tornam-se crimes

E crimes são a paixão.

Disputam espaço

E fazem a noticia

Na página vermelha.

Exala na noite

Muita adrenalina.

Crack, cocaína, maconha, heroína, prozac, LSD, álcool, cigarros, tragos, balas e doces.

E fazem um brinde

Na pagina vermelha.

Todos se encontram na noite...

Heterossexuais, bissexuais, homossexuais, transexuais, travestis e assexuados.

Entrelaçam-se no prazer

E vírus da noite.

E dão a luz

A pagina vermelha.

Lua que assiste a tudo

E como narciso,

Admira-se na poça de sangue do asfalto

E da lugar ao sol

Que traz consigo a próxima edição

Da pagina vermelha.

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