(Inédito, escrito há vinte e cinco anos (por volta de...)
A lua sobe,
A noite cai,
Estrelas e postes acendem
Na negra noite de néon.
Noite reflete e espelha,
Na manhã seguinte
Na página vermelha.
Bares, todos os lugares
Abrem suas portas.
Noite abre suas pernas.
Todos se abrem.
Noite que cospe suas tribos.
Mocinhos, bandidos, punks, darks, metaleiros, góticos,
grunges, skatistas, pixadores, surfistas, androides e andróginos.
Desfilam na noite
E estampam a página vermelha.
Todos expõem suas armas... almas...
Revolveres, cassetetes, beijos, facas, navalhas, bocas,
giletes, olhares, sexos e canivetes.
Lutam na noite
E se rendem
Na pagina vermelha.
Todos se perdem no proibido,
Liberam libido
Sem álibi, sem gemido
E desafiam as leis da selva noite.
Noite apocalíptica noite,
Avenida visceral,
Sedução recíproca,
Noite marginal.
Todos gatos são pardos,
Todos cordeiros são lobos,
Ninguém é de ninguém,
Ninguém é ninguém.
Nada se parece,
Ninguém se assemelha,
Só tem identidade,
Na página vermelha.
Mãos ao alto!
Isso é um assalto, um estupro, um sequestro, um assassinato, um encontro.
Paixões tornam-se crimes
E crimes são a paixão.
Disputam espaço
E fazem a noticia
Na página vermelha.
Exala na noite
Muita adrenalina.
Crack, cocaína, maconha, heroína, prozac, LSD, álcool,
cigarros, tragos, balas e doces.
E fazem um brinde
Na pagina vermelha.
Todos se encontram na noite...
Heterossexuais, bissexuais, homossexuais, transexuais,
travestis e assexuados.
Entrelaçam-se no prazer
E vírus da noite.
E dão a luz
A pagina vermelha.
Lua que assiste a tudo
E como narciso,
Admira-se na poça de sangue do asfalto
E da lugar ao sol
Que traz consigo a próxima edição
Da pagina vermelha.
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