Voltou certo dia... e o certo vasto mundo estava diferente do
que salvava de sua memória vã...
Será que o mundo havia encolhido? Ou será que era ela quem
havia crescido? Uma febre insana de Alice que crescia e crescia e ... era tudo tão grande outrora. Agora não, tudo era tão ínfimo, pequeno mundinho ridículo e
exaustivamente insatisfatório.
Nada mais a satisfazia, as casas, os empregos, os diversos
tipos de lazer, nada mais lhe preenchia, tudo era imenso dentro de si, um amplo
salão de baile sem viva alma, sem música, sem orquestra...
Os homens eram tão pequenos dedos mindinhos de suas mãos
dentro de si, nem ao menos faziam cócegas, eram tão patéticos, tão pobres
diabos, repugnantes bonequinhos de plástico frio de playmobil.
Ficava quietinha num canto, para que ninguém a visse, nada
abalasse com seus movimentos gigantescos de um circo de horror grotesco.
Agora o mundo que não a respeitou, e que não a quis, agora lhe
temia, agora ela podia pisar e destruir, mas que graça teria o mundo sem a distração das pequeninas criaturas mínimas?!
Sentava agora e esperava que seu homem chegasse, seu herói e
lhe salvasse, e que ele fosse grande, muito grande pra lhe satisfazer as
vontades, os vazios a serem preenchidos, os desejos... um homem forte, dominador, senão preferia ficar ali, na
distração das pequenas coisas...migalhas...
Um dia em seu caminho encontrou um sábio eremita e ela não
resistiu em perguntar por que seu mundo ficou assim minúsculo, ou ela tão maiúscula!?
Que castigo seria este?!
E o tal homenzinho fétido de barba grisalha e longa respondeu que o destino
lhe dava aquilo porque era de acordo com a sua força, sua capacidade, seu tamanho interior, senão
daria a qualquer uma...
Então ela seguiu em frente a procurar um mundo do seu
tamanho. Seus novos passos traçados agora faziam o mundo tremer ao seu redor. Agora via o mundo diferente, não cabia mais em si de tanta esperança, e por que não dizer - felicidade?