terça-feira, 9 de março de 2010

"O que guardas?"



O que guardas dentro de ti?
Oh! Possível ser humano...
Guardas rancores de diversas cores,
Amores, louvores.
Ou flores secas e murchas,
Que jogastes pros tenores?
Guardas fardas mostardas,
Mágoas retardadas,
Ou as fuças das diabas?
Guardas anéis dos coronéis,
Pastéis que eram para menestréis,
Ou papeis cheios de segredos dos infiéis?
Guardas lembranças francas das ancas,
Memórias nuas das tuas,
Ruídos das rosas das bossas,
Retratos apáticos dos patos e dos cactos,
Que voaram ou secaram?
Guardas o luxo e o lixo
Do passado/presente/futuro,
Dos furos, dos muros,
Das curas, das juras,
Das mulas e das luas,
Que cavalgaram a mando
De quem te procurava e devastava campos
Sobre os flancos noturnos?
Em épocas distintas
Agora somes
Mas guardas,
Aguardas nomes,
Guardas em milhares de gavetas,
Os pincéis secos “Daqui” de longe
Você “Dilá” ou Dalí de qualquer lugar.
Abre as malas cheias de vazio
E pinta Gala na beira do precipício
O que guardas?
O que pintas?
Sonhos proibidos de louca ou de Lorca 
entre touradas de Goya.
Enquanto isso nem te abalas
Com a pobre girafa em chamas
O que guardas pobre ser chamado humano?
Dou a última pincelada sem nenhum tom de Bresson.
E guardo-os nas diversas gavetas abertas de ti.



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