sábado, 13 de março de 2010

"um café..."

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Aquele encontro se deu rapidamente em duradoura eternidade. Os olhos dele escorreram para dentro do decote dela. Os olhos dela se derramaram nos olhos dele. Os olhos dele se derramaram nos olhos dela. Os olhos dela escorreram pela braguilha dele. Pediram um café. Parecia que nada mais havia para se dizer. Era apenas café. Desejo quente e escuro, rápido e reconfortante. As mãos dele escorreram pelas próprias pernas. As mãos dela escorreram pela mesa tentando catar invisíveis possíveis migalhas do que não mais havia. As mãos dele escorreram para dentro do celular que clamava por um imprevisto. Os olhos dela escorreram para o relógio que gritava que já estava atrasada. Ambos escorreram para a rua. Ele tinha um compromisso com ele mesmo, desvencilhar-se daquele desejo incurável. Ela estava atrasada para criar vergonha na cara e procurar algo ou alguém que pudesse lhe proporcionar algo bem menos quente e escuro, porém bem menos saboroso e reconfortante. O dia derramou-se assim... O que se chamava de amor escorreu assim... pelo ralo.

 

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