Disfarçava-se de simples leitor por entre os corredores estreitos formados pelas antigas estantes de livros. Mero leitor distraído que caminhava e que folheava....
Meu Deus! De que livro havia caído? Como poderia?...
Mas ele estava ali, afinal era seu sonho e poderia manipulá-lo, o homem ideal, fusão perfeita e completa de tantos personagens, homem Adão/Frankenstein escrito parte por parte, pedacinho por pedacinho, criação perfeita de tantos autores e autoras.
Literatura nua, palavra despida, arte natural e nada ofensiva pra quem sorve o belo da grafia.
Embebedara-se naquele chão do que decidira ser sua última leitura antes de por fim em seus maus escritos dias. Porém agora diante de tal imagem, se erguia e acompanhava passo a passo, seguindo o Deus recém parido do papel. O levaria para casa e reviveria a versão que bem entendesse dos romances que há via lido.
Já em sua casa, em seu jardim, desfrutava do que chamaria de paraíso particular com seu Homem/Livro, mas o amor seria interrompido por um som irritante e estridente...
Era um incêndio na biblioteca, havia dormido sobre o balcão, todos corriam em desespero, porém não havia cheiro algum de queimado. Com o disparar de seu coração, até desistiu de colocar fim aos seus dias, achou que poderia valer a pena chegar até o último capítulo.
Desistiu de sair e ninguém notou sua ausência, já que se deparava com quem acionará o alarme, estava ali como havia vindo ao mundo, pronto para ser lido, provando que nem sempre a ficção fazia parte da fantasia, poderia muito bem ser realidade.
Como voltava, se nunca havia partido? Voltava de seu desejo, dos escombros de sua consciência. Não sabia se voltava pra ficar, mas enquanto estivesse ali, escreveria este novo romance...
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