Pietra chegou a mansão rubra
com o desejo mais puro de todos os que já haviam se hospedado ali. Entre tantos
sonhos obscuros, o “dela” era límpido, quase um sonho de criança, devido este
detalhe, pagou muito mais caro que as demais mulheres e ainda assim não lhe
garantiram o produto almejado.
Pietra havia começado sua vida como todos os
seres humanos, com todas as chances de uma vida correta e todas as incorretas. Mas
o qual seria o melhor caminho? Caso fosse se basear na tão recomendada bíblia,
o que não faltava eram exemplos sórdidos, por que ela não teria direito de
prová-los?
De uma infância inocente e
uma adolescência comportada, Pietra se tornou a filha exemplar, mas depois de
tanta carência provocada por pais tão corretos, após o desprezo dos colegas de
escola por ela parecer tão diferente e tão perfeita, Pietra só esperava pelo
dia de sua maioridade.
Certo dia quebrou o silêncio
e foi morar só, os pais não puderam impedir, Pietra conheceu então a bebida, o
cigarro, as drogas, que não lhe fizeram a cabeça, o sexo... este sim lhe fez a
cabeça, o corpo, a pele... regado a bebidas e cigarros...
Pietra se descobriu quase ninfomaníaca,
quase alcoólatra, quase... tudo, mas sabia que tinha o controle, podia ficar um
dia sem, dois, três... mas não era fácil.
Adorava homens sórdidos em
lugares sórdidos e palavras chulas, tudo o que quebrava o cristal da pureza e o encanto da perfeição do passado.
Enjoada disso tudo, fatigada,
agora Pietra queria um amor verdadeiro, puro, infantil, pueril, coisas de primeiro
amor, de pecado original. Não pensava em restaurar a sua virgindade, queria se
isolar de tudo, abster-se, cicatrizar a alma, sentir-se limpa novamente.
Agora
estava ali aguardando o dia em que poderia cometer um pecado realmente “original”.
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