É
noite,
Num
beco.
Muito
depois das oito,
Um
grito,
Um
coito,
Ela
desesperada,
Ele
afoito,
Ela
com medo,
Ele
doido.
Mãos
desgovernadas,
Pele
suada,
Corpos
entrelaçados,
Sonhos
molhados.
Vontade,
Desejo,
Um
berro misto de beijo.
Sem
alarde,
Sob
um lampejo.
A
chuva molha-os,
O
trovão abafa o som,
O
delírio toma conta
Como
se fosse uma invasão.
No
prédio ao lado
Alguém sem querer
Os
vê de uma janela,
Os
olhos se arregalam,
Benze-se,
Mas
os venera.
Ambos
se procuram
Numa
busca sem fim,
De
dedos,
De
tato,
Numa
viagem de curvas,
Rasgando
o vestido carmim.
O
fecho éclair é supérfluo,
A
intimidade é aberta,
O
ato é um objetivo,
O
prazer uma descoberta.
Triste
é ter que acabar,
Horror
é nunca experimentar.
Censura
são crianças famintas na rua,
Proibido
é reprimir um gemido.
Mas
no dia seguinte
Quando
amanhecer,
Vai
estar tudo apagado
Como
se a chuva os tivesse levado,
A
única testemunha além do beco,
Será
alguém da janela do lado.
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