O vendedor de livros vendia livros.
Sim o vendedor de livros vendia livros repletos de
palavras. Com certeza o vendedor de livros vendia livros repletos de palavras
compostas de letras. É claro que o vendedor de livros vendia livros repletos de
palavras compostas de letras, e muitos pontos, vírgulas, travessões...
e etc.
e etc.
e etc.
e etc...
Obviamente o vendedor de livros vendia livros repletos
de palavras compostas de letras, e muitos pontos, vírgulas, travessões...
e
etc.
e etc.
e etc....
que expressavam ideias, que podiam ser poemas, contos,
crônicas, romances.
O vendedor de livros vendia sonhos.
O vendedor de sonhos vendia livros. Sim o vendedor de
livros vendia sonhos repletos de imagens. Com certeza o vendedor de livros vendia
livros repletos de imagens compostas de gestos. É claro que o vendedor de
livros vendia livros repletos de imagens compostas de gestos, e muitos olhares,
ações, dizeres...
e etc.
e etc.
e etc....
Ninguém mais comprava livros porque ninguém mais lia
livros.
O vendedor de sonhos e livros não vendia mais livros e
sonhos. Sim o vendedor de livros não vendia mais sonhos repletos de imagens. Com
certeza o vendedor de livros e sonhos não vendia mais livros e sonhos repletos
de imagens compostas de gestos. É claro que o vendedor de livros e sonhos não vendia
mais livros repletos de imagens compostas de gestos, e muitos olhares, ações, dizeres...
e etc.
e etc.
e etc....
O vendedor de livros morreu de fome por falta de dinheiro
para comprar alimentos e a cabeça repleta de sonhos. O mundo morreu de fome de sonhos
com a barriga repleta de alimentos.
Um mundo de livros a voarem como folhas secas ou não em
meio aos sonhos perdidos e espalhados na solidão.
O vendedor de livros vendia livros... disse um
sobrevivente que o encontrou balbuciando estas últimas palavras.
O vendedor de livros vendia sonhos...
e etc.
e etc.
e etc....
...
Muito bonito.
ResponderExcluirO vendedor de livros sonhava que vendia sonhos, quando todo mundo parou de sonhar e só comprava o que sonhava porque comprou a ideia dos sonhos dos outros.
Quando o sonho passou a ser coletivo, todos deliravam. E ninguém mais sonha com nada.
Obrigado Allan. abraço.
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