Desta vez não era sonho, um carro negro parou para ela que entrou, não era a primeira vez...
Era uma mulher de 40 que não parecia ainda ter quarenta e estava cansada dos homens maduros que procurava. Eles não haviam amadurecido, haviam caído do pé antes da hora e apodreciam a olhos vistos. Coisas da natureza. Tempestades, ventos, brisas, enfim intempéries.
Os homens de 40 ou mais, pareciam não temer envelhecerem sós, coisas dos nossos tempos, parece que todos querem envelhecer sós, talvez pensando serem imortais como os vampiros que somente apodrecem expostos ao sol. Então, enquanto os homens maduros em decomposição fora do pé brincavam de pega-pega e esconde-esconde, a mulher de quarenta fatigada se entregou, assim sem querer se entregar ao rapaz de vinte e tantos, fruto fresco. Carro negro. Ele nem parecia “tão vinte e tantos” assim, tanto quanto ela parecia menos de quarenta. Enquanto eles aproveitavam o o momento presente recém brotado, o presente é sempre tão fresco! Eles tomavam água de coco ao sol, guarda-sol colorido, dois canudos no mesmo coco, romance tropical de verão no outono. Ela ficou com medo de brincar sem saber que horas a brincadeira acabaria, ou se o fruto amadureceria um dia e além do mais, a água do coco já havia sido bebida. O presente a cada dia começava a se tornar passado. Fruto passado. Ela já não era mais “a única” mulher de quarenta que ele tinha. Crianças são gulosas! Um dia após “um terminar” e “um voltar”, no carro negro, um cheiro putrefato anunciava... fétido... malcheiroso. Aquele coco que haviam tomado estava putrefato e esquecido no banco de trás. Ela nem sabia. Não era o primeiro casal que tinha se esquecido de algo que se decompunha na relação há dias. Acontece com a maioria. Todo mundo tem um coco podre esquecido em algum lugar. A solução foi tirar o coco e jogá-lo em uma lixeira e... seguir. As frutas frescas são frescas de mais, as maduras apodrecem. O que comer hoje em dia?
Desta vez foi realidade e não sonho, mesmo porque desta vez não havia um morto no banco de trás, havia eu e bem vivo e de carona, por isso eu não poderia comentar o mal cheiro, apenas pensei: "Há algo de podre no reino da... Não sei se "ela" voltou a entrar no carro negro, por enquanto sem coco.
Coco - pode ser designado a numerosas espécies de palmeiras: coco-de-vassoura, coco-catulé, etc. Ou como o fruto de tais palmeiras, em especial o do coqueiro-da-baía, cuja polpa é de largo uso na culinária brasileira, simplesmente ralada ou reduzida a leite, em doces, molhos, etc.