Narciso
não resistiu
quando pôs - os olhos no rapaz
nem hesitou - atirou-se ao alvo - sem mais
nem hesitou - atirou-se ao alvo - sem mais
manhã tão clara - pintura tão rara
mergulho de menino - largos espelhos d’água
nuvens brancas imaculadas - se rasgando, não mais virgens
partindo assim - assim azul
surge o sol luz ferida – privilégio de poder admirar
tal mergulho - tal garoto
pele pálida e nua - maciez mútua – pensamentos ingênuos
se perde na paixão d’água - de encontro ao outro
corpo porto - insegura ternura
linhas e curvas em morros, bicos, pontas..
caminho de gozo pleno - sede e fome de veneno
cada vez mais se aprofunda em seu desejo
mais e mais fundo e obscuro - lago de um beijo
então vejo - flecha carne - almejo
disparam membros - nados e cabelos
pêlos, poros, paladar - odor e medo encontrar
o ar se acaba - Narciso - não encontra nada
nada, nada, nada...
imagem tão cobiçada - somente habita agora a retina
ali fica para sempre - desejo infindo
quadro antigo de memória
tintas molhadas de verde limbo
sedução ininterrupta - morte auto-vingativa
o azul que se cobre - o sol ferida fecha
brancas nuvens - não mais imaculadas - chove desejo
molhando tudo todos - terras, lagos, morros...
bicos, picos, pontas...
agora Narciso mora - sozinho lá no fundo
solidão água doce
doce adormecer símbolo - egocentrismo submerso
morte rara de tesão
vide e verso
1 menino
Querido...
ResponderExcluirQuanto tempo! Como é bom ler suas obras, elas estão cada dia mais profundas! Adorei ver que está ensaiando "Mulher Livro" que vc tanto queria! Paraéns!
Você merece todo o sucesso do mundo. Mesmo longe não esqueço de ti...
Grande beijo