segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"Barba Branca, Saco Vermelho e Veadinhos Alados"




(Texto postado pela primeira vez no "Natal de 2006" em site parceiro do Cosmo OnLine)

(É Natal, hora de pendurar as bolas na árvore e descansar. O Natal e a arte de esperar presentes que não chegam... até o presente momento

Pelas barbas do profeta! - Ele tem barba branca, aparece uma vez por ano e promete, promete e promete. Não! Não falo do Lula, falo do Papai Noel, uma incrível mentira, tem a maior cara de avô, mas é chamado de Papai, e nós somos os bilhões de bastardos espalhados pelo mundo. Não é a toa que ele anda com o saco cheio nas costas, tão cheio, grande e vermelho.

Oras bolas! - Estamos cansados de promessas vãs, estamos com os colhões em Marte, ou seria no Pólo Norte, para refrescá-los. Foi inevitável e o povo escolheu. Como dizem - a voz do povo é a voz de Deus. Pasmem com tamanha blasfêmia! - estão chamando Deus, de burro?

De saco na lua! - Não quero falar em política, afinal a última eleição foi pura falta de opção, não queria dar meu voto para ninguém, me considerando de esquerda. Como votar numa esquerda direitista totalmente desgovernada? Fazendo com que a direita possa meter o pau na esquerda e sair ganhando, não ganhou e não torci para ninguém no segundo turno, não tinha esquerda nem direita, tinha o insípido supostamente novo e o amargo já sentido e conhecido.

O país dos vices e das vicissitudes - É o país sem sorte para presidentes. Enquanto não temos terremotos e furacões com nomes femininos, temos corruptos de destaque com nomes masculinos e devastando o país, arrasando povos, planos e economias e esperanças. É o furacão Sarney, Collor, Itamar, Fernandinho, Lula, entre tantos outros.

“Tudo o que você queria saber sobre o natal, mas tinha vergonha de perguntar ou preguiça de entrar em um site de busca”.

Gingle Bell - As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que levou para os três reis Magos chegarem até a cidade de Nazaré e entregarem os presentes ao menino Jesus. Atualmente, as pessoas costumam desmontar as árvores e outras decorações natalinas em até 12 dias após o Natal.

Todos os caminhos levam à Roma - O Natal é uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV, que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração. O Natal é uma data de grande importância para o Ocidente, pois marca o ano 1 da nossa História.



Corra Lutero, Corra ! - Acredita-se que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.

A última que morre - Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que vieram morar na América do Norte durante o período colonial. No Brasil, país de maioria cristã, as árvores de Natal representam um símbolo de alegria, paz e esperança. Até a nossa não morre. Entra governo, sai governo, estamos sempre como criancinhas na janela esperando o Papai Noel aparecer voando no céu, vamos dormir sem vê-lo, acordamos com os presentes, mas assim mesmo, acreditamos que ele existe.

Vaquinha de presépio - O presépio também representa uma importante decoração natalina. Ele mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os reis Magos e os pais “do menino”. Esta tradição de montar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII. O termo vaquinha de presépio surgiu, acredito que das vaquinhas dos presépios antigos, elas tinham mobilidade, estavam sempre dizendo sim para tudo, mais ou menos como nós brasileiros para nossos governantes e suas decisões absurdas ou a total ausência delas dentro de falsas promessas.

O bom velhinho - Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. Foi transformado em santo (São Nicolau) após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele. A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo. Nos Estados Unidos ganhou o nome de Santa Claus, no Brasil de Papai Noel e em Portugal de Pai Natal.

Ele é um, velhinho? Ou uma pet de Coca-Cola? - Até o final do século XIX, o Papai Noel era representado com uma roupa de inverno na cor marrom. Porém, em 1881, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou o bom velhinho com uma roupa, também de inverno, nas cores vermelha e branca - as cores do refrigerante - e com um gorro vermelho com pompom branco. A campanha publicitária fez um grande sucesso e a nova imagem do Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo.

Que decepção! Sorria, você está sendo manipulado!

Corra Lula, Corra! – parodiando o filme Corra Lola, Corra! Sucesso do cinema alemão e muito cultuado. Direção de Tom Tykwer e estrelado por Franka Potente. Onde “Lola” corre a cidade inteira para evitar que seu namorado que tem uma grande dívida e que pode levá-los a morte. Nessa corrida, Lola tem 3 chances de impedir, passando pelas mesmas pessoas e com conseqüências diferentes. Cada chance tem 20 minutos. Em Corra Lula, Corra! Um presidente corre seu mandato inteiro tentando impedir que seu governo faça uma grande besteira, está na segunda chance e pretende usar uma terceira, cada chance tem 4 anos. Totalizando 12 anos ao todo.

Liquidificando – Independente de religião, fé ou crença, não saímos impunes do clima do Natal, festinhas, amigo oculto - bem oculto - ceias, cidade decorada com gosto duvidoso, mais iluminada do que nunca. Tomara que tanta luz, tanta energia gasta, sirva para iluminar alguém, alguma mente, alguma coisa de bom. Que independente de a data ser verdadeira ou não e do que se acredita nela, que as pessoas se importem mais do que ser...

Homem ou mulher, homossexual ou heterossexual,

jovem ou idoso,rico ou pobre - se preocupe mais em apenas ser mai... ser humano.

O gosto do peru- Mesmo sendo - o Natal, algo simbólico, assim como o reveillon, um folclore criado por alguém, por algum tipo de cultura, num horário de verão também criado, num calendário católico, também criado e que diz que estamos indo para o ano de 2007, o importante é o que a grande maioria vai pensar quase que ao mesmo tempo, em quase as mesmas coisas, coisas boas. Antes de buscarmos a paz fora do corpo, fora do país ou fora do mundo, precisamos encontrar a nossa paz dentro de nós mesmos, a mais difícil - Que a felicidade alheia não incomode ninguém e só seja um motivo para somar e atrair a sua própria.

Desejo a todos nós que - quando 2007 começar, pensamentos, valores e conceitos sejam...

RE - avaliados, afinal somos seres em constante evolução, que a única coisa que reste dentro de nós - não seja somente o gosto do peru.

E as renas? - A pergunta que não quer calar, é - Por que as renas? E por que elas voam? R: Enfim voam, assim é o mito, a lenda, a magia, para que discutir o sexo dos anjos ou dos Teletubies.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Mulher Líquida"


(humilde homenagem para minha amada Hilda Hilst)

Derramo-me e te esvazio em desvario... rio. Sendo assim, você diz:

- se esvai...

É a mulher líquida... 
Alcoólica de si, abandona taças e copos cor de água. Assim como energia toma forma de valas, de poças e poços preenchendo o concreto não absorvível. 

Camaleoa toma diversas formas. Então se embrenha em terra e penetra formando lençóis sem camas em lama.
Quando feliz é rio, quando é de mais é mar, quando é plena é oceano. Quando é sutil é gota.

Submersa vai até as profundezas e submerge do âmago, acima das águas. 
Sua paisagem é o cais, as docas, os cascos, a deriva viva...

A mulher líquida com a frieza se solidifica, com o aquecimento derrete-se toda e se molha, mas com muito calor mesmo, evapora e você nunca mais põe os olhos nela. Não pode ser presa ou atada, dissolvida ela escapa das mãos pelos vãos, escorre... corre... pelos pés.

Líquida ela é brindada, comemorada, lembrada e sorvida. Suas borbulhas fazem cócegas nas gargantas por aí.
O marinheiro acena ao longe e “ela" se mescla à água novamente, que é para não perder a cabeça, 

senão... seria sereia... 

Madame Butterfly da Atlântida.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Casa Nua" - Divulgação (2.010)


Faz algumas semanas que estou na divulgação da noite de lançamento de meu primeiro livro. Então, o blog "entra em repouso" para dar destaque a um momento importante na vida de um escritor. Assim minha literatura, além textos na internet, imprensa escrita, vídeo e dramaturgia em palcos, torna-se livro, já havia saído três textos publicados em três coletâneas. Segue abaixo o flyer de divulgação.





“Um casal adentrava a casa nua. Teto, paredes, chão, portas e janelas em nudez total de abandono. Apenas uma leve camada de poeira com certa fragrância de mofo no ar que era a transparência do véu que tentava velar aquela nudez tão tímida. O casal não queria comprar ou muito menos alugar uma casa, eles somente precisavam acasalar. A casa lar, não!...”



terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Poeteria Crônica"

(texto que inaugurou o blog de mesmo nome em outro endereço em 2007)

Eu queria poder fazer poemas
Fazer poesias
Uma “poeteria” qualquer
Poesia para se declamar na frente da sala de aula
Todos com seus narizes sobre suas carteiras e cartilhas
Eu queria ter um armazém de poemas
Para estocar paisagens sonoras
Uma fábrica de poemas para distribuir gratuitamente
Para os famintos que nunca poetaram
Franzinos a temer
Famintos a tremer
Na mesmice corriqueira
De um dia-a-dia sem vitaminas literárias
Sem beleza para se ter
Para se ouvir
Ou para se ver
Eu queria poder arquivar
Salvando em mil pastas patéticas
Cheias de pantomimas pândegas
Todos os desejos de desamor
Que enchem os olhos a dar água na boca
Alagando com notas musicais
Os ouvidos úmidos de saliva.
Poderia “poeteria”
Poder ter-rir-ir
Teria-iria.
Gozaria...
Suposições hipotéticas
De uma redundância perdida
Entre o bem e o mal.
O ócio e o aço
O cio e o lasso
O cujo e o tal
Estocar caixas
Estocar-estocar-estocar
Potes de R$1,99
Vidrinhos vagabundos
Reuniões de Tuperware
Somente para encher-encher-encher
E estocar aos montes a poesia
Para tecer uma imensa cortina
Para proteger as retinas
De um mundinho tão medíocre e vil
Cortina essa
De estampas sórdidas
Bordadas por fio sem brio
Por mãos sujas
De quem nunca respirou poesia qualquer
De quem nunca amou sem pensar em nada
De quem nunca se sentiu tão intimo do vento
Mas para que supor isso ou aquilo?
O que poderia ser?
O que poderia ter sido?
Apenas poderia
Poderia
Pensamento nosso de cada dia
Poderia
Poeteria
Poeteria crônica.
Cronicamente viável.



domingo, 21 de novembro de 2010

"As Nuvens e o Atirador de Facas"


O atirador de facas
Agastado
Atira facas em nuvens
Porção de fumaça
Acerta em vãos
Nuvens que vêem e vão
O atirador incansável sabe
Que atira em algo tão inatingível
Insiste em vão
Inabaláveis seguem incólumes
As nuvens alvas continuam seu desfile celeste
Inalcançáveis
Diante do arremessador de armas brancas 
Passeiam como imaculadas ovelhas
Inermes em carrossel
Dispersas como Virginia Woolf
Lobas em máscaras de virgens
De massa de vapores
O atirador com os braços doridos cessa
As nuvens agora cinzentas chovem e banham o atirador
Ovelhas de mijos cristalinos
Ele encharcado se purifica e as enaltece
Arrepende-se de sua guerra santa particular
Nuvem mal humorada abandonada por seu carneiro
Lança um raio distraída
Faca metálica afiada e ponteaguda
Só que ela não erra o alvo como o atirador de facas.

Mééééééeé!!!!


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Para Onde Correm os Meninos?



     
Para Onde Correm os Meninos?
     
    Os meninos correm para as tantas brincadeiras, correm para campos, para as árvores, as beiras...

     Correm como anjos sem asas retornando para suas casas e aprontam mil travessuras como pequenos demônios. 
     Os meninos correm desesperados sem saberem para onde. Correm pelo desejo ou correm por meras aventuras. Correm do amor, correm atrás da carne, e depois correm cegos para a fé em louvor. Às vezes não veem que correm para o abismo.  Correm quando os sinos dobram, correm para a chuva que lava, depois correm para se secarem ao sol acalentador.

      Para Onde Correm os Meninos? 
     Os meninos correm atrás de si mesmos e depois fogem de si próprios. 
     Os meninos correm na estação atrás do trem que parte. Tentam correr do coração que se reparte. Procuram  e correm os olhos pelas pequenas janelas, que carregam pequenos olhos, janelas d’alma do menino que parte, possivelmente para sempre. Lágrimas dos meninos correm latentes, quase introspectivas porque alguém, que um dia foi menino disse:
    
   - Os meninos não choram!

     Para Onde Correm os Meninos? 
     Por hora, os meninos só correm atrás da bola.
     O apito do trem dispara e a locomotiva desaparece em meio a fumaça...
     
     - Au revoir les enfants!


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"O Balanço"




O balanço dança só, no ar, em balé solitário de monólogo calado. Há somente o assovio de vento parceiro que o faz dançar. Valsa insana de pés pra cima, de pernas pro ar, pernas de brisa. O balanço sussurra:


-Danço, danço... (inesgotável e incessantemente)


Como se houvesse alguém recostado em seu "não espaldar", costas ao leo, balanço que balança as ancas da ventania, balanço que brinca com a bala na boca, bala de gosto de tempestade.


balanço...
balança...
bala...


balanças...
ancas...


balanço...
canso..
danço...


balanceio...
anseio...


Talvez fosse a brincadeira da fada que habitava o parquinho decadente. Talvez fosse a  menina morta em seu primeiro passeio vespertino.


Desembala a bala.
Desembeleza a morta.
Desassossega a fada.


De repente o vento para, o balançar cessa, solas do pé para o crepúsculo, mergulho infindo.
O assovio torna-se cada vez mais música incidental para adormecer fadas e embalar meninas mortas.
Acaba a bala. Papel transparente e pequenino ao vento.
Tempestade chega com gosto de terra molhada.
Sorri a fada côncava dentro da árvore.
Canta a menina morta convexa no meio da chuva.


Balanço dorme em doce canção de ninar...



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Guia Super Prático do Amor" (O que é isso mesmo?)


 Um manual hiper-mega-plus-advanced-ultra-supra-moderno para quem é um ser comtemporaneo(a). Sigo assim – liquidificulturando - aquele sentimento que às vezes são uma pedra no sapato ou um reluzente diamante bruto em sua doce vida. Até me faz lembrar de mais uma canção da Rita...

Vírus do Amor – "Aqui estamos nós, turistas de guerra. Bizarros casais, restos mortais do Ibirapuera. O vírus do Amor, dentro da gente, beira o caos, 42 graus, de febre contente.  Prisioneiros de um arranha-céu, lá embaixo, o mundo cruel é tão chatinho. Você é toda a minha munição, não negue fogo pro meu coração, machucadinho... cambalache... de paixão". (Rita Lee / Roberto de Carvalho)

O que é o Amor? – Segundo o dicionário Aurélio, o Amor significa -  Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. Como por exemplo o Amor ao próximo;  Amor ao patrimônio artístico de sua terra. Amor - do tipo que nossos políticos sentem muito por sua nação e os leva a candidatarem-se e a lutarem por nós – o povo. Por Amor, também ao nosso precioso tempo e a nossa dignidade às vezes não votamos e preferimos ficar em casa, anulando nossos votos por falta de opção e por Amor  a nossa consciência tranqüila.

Amor - xicano - Mas o Amor mais famoso e mais comentado é aquele da literatura, do cinema e das novelas. Aquele sentimento que faz com que alguém assista 600 capítulos para saber se Pedro Rodolfo ficará com Amélia Regina e logicamente, Ricardo Pablo – o vilão – terá o devido castigo que merece. Geralmente o carro cai de um desfiladeiro, o avião explode ou a polícia o mata. É desse Amor que fez com que há décadas atrás todos saíssem frustrados do cinema se perguntando: – Caralho! Assisti horas de filme e a Scarlet Ohara acabou sozinha embaixo da árvore dizendo...  - Amanhã será outro dia. (Óbvio que seria outro dia, se fosse o mesmo dia, não seria “E o Vento Levou..., seria outro filme, “O Feitiço do Tempo”, que nem sonhava em existir na época).

E o vento levou... - Ninguém sabe até hoje se Scarlet pegou um táxi-horse e foi encontrar Red Butler, e se ele a recebeu, cedeu e ... Red of Love – foram felizes para sempre! A escritora solteirona recusou milhões para escrever uma continuação. O que nos faz entender porque era uma solteirona, não é? Mas onde quero chegar é no seguinte ponto. O Amor, nosso personagem em foco, teria sido ele, inventado pelo cinema hollywoodyano? Sim! Essa obrigação de se sonhar e achar que existe um grande amor, coisa assim de filmes como “Uma Linda Mulher” ou de novelas como “Selva de Pedra”. Para sermos felizes é necessário que se encontre um grande Amor?

Vamos parar com essa zona pô! - Ou foi os religiosos que inventaram que existe o Amor? Para que o povo parasse com aquelas surubas na casa do Cara..., ops!, Casa do Calígula? Cidona e Gangorra, ops! Sodoma e Gomorra que o diga! E não olhe para trás que vira estátua de sal, a mulher de Lot sabe muito bem disso. Mas o Amor não pode ser um só, não é? Acho que - em dezembros – é uma boa época para se falar de Amor. Fechamos um ciclo mesmo que simbólico,  é bom se saber que há diversos tipos de Amor  e que por isso não amamos uma única vez. O meu amigo Aurélio cita o exemplo - Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção extrema: "Amor é um fogo que arde sem se ver” como dizia Luiz de Camões e Renato Russo aproveitou a grande sacada.

Amores variados – Se a vida fosse uma gôndola de supermercado, você encontraria Amor em vários setores, corredores, e nas mais diversas embalagens, por quilo ou a granel, embalado a vácuo ou self-service. Segue abaixo outras formas de amar que constam no Aurélião. Afinal quando achamos que sabemos muito, às vezes estamos bem por fora. Palavras muitas vezes simples e óbvias tem múltiplos significados que vale a pena se recordar: Já nascemos na maioria dos casos com esse sentimento despertado pelo Amor - Sentimento de afeto ditado por laços de família: amor filial. Logo crescemos e vemos que nosso corpo está mudando, eis que surge...

Amor  - Sentimento terno ou ardente de uma pessoa por outra, e que engloba também a atração física. Atração física e natural entre animais de sexos opostos. O Aurélio que me perdoe! Quem sou eu para corrigi-lo, mas é mais do que comprovado que existe atração física, não sei se com ou sem amor, entre animais do mesmo sexo, assim como entre animais homens, que homofobia do Lélinho!

Há também o Amor que não é cobrador, nem mesmo motorista, é passageiro e sem conseqüência; capricho. E pode acontecer na lotação, no ônibus, na rua, na fazenda ou numa casinha da COAB. E a fome entra pela porta e o Amor sai pela janela e da de cara com o amante entrando. É disso que falo, do Amor - Aventura amorosa; amores.

Existe o Amor – aquele da Adoração, veneração, culto: amor a Deus.  Alguns exageram, na minha opinião. Se Deus é perfeito, um ser perfeito não se acha o máximo e não deve ter vaidade, então concluo que não deve ser venerado e sim respeitado como qualquer ser, vivo ou morto, palpável ou etéreo.

Um Amor que é quase um mico leão dourado, é o da Afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura. Mas eles existem, são poucos e preciosos. Basta saber que tudo o que se emana, se recebe, então é só mandar ver... O Amor pode ser tão infinito e transcendente quanto... - Inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporcione prazer; entusiasmo, paixão. Amor à verdade;  amor à natureza;  Amor ao jogo. Aquele Amor de vovó e que não precisa só ser de vovó - Muito cuidado; zelo, carinho:

Objetos de amor - 1 - Amor à primeira vista.  Amor súbito, ao primeiro encontro. 2 - Amor carnal.  O que busca a satisfação sexual; Amor físico. 3 - Amor livre.  O que repudia a consagração religiosa ou legal, representada pelo casamento. 4 - Amor platônico.  Ligação amorosa sem aproximação sexual (sobre amor platônico, leia nessa coluna o texto “Batman e Platão no Darkroom”). 5 - Fazer Amor.  Ter relações sexuais; copular. 6 - Pelo Amor de Deus! Por caridade; por compaixão. 7 - Por Amor à arte. Desinteressadamente, gratuitamente. 8 - Por Amor de...  Por causa de... em atenção a... 9 - Um Amor. Pessoa ou coisa muito linda; um amoreco, um sonho, uma graça, um encanto, uma coisa, um doce, um doce-de-coco, um negócio, um troço, uma uva ( Cuidado! Geralmente quem diz isso é uma criatura falsa).

Amor...tadela! - Perdi a conta com mais de 40 vezes, a palavra Amor. Ops! Mais uma! Todos nós seríamos melhores seres humanos se vivenciássemos mais a verdadeira essência da palavra Amor, não precisaríamos de regras, leis, mandamentos, etc. Acredito que é o melhor verbo de se conjugar em suas mais variadas formas e sentidos. Para um pleno fim de ano e para o que vem por aí, nada mais urgente, nada mais básico para a sua cesta.
 Amor...

  as formas e sentidos. Para um pleno fim de ano e para o que vem, nada mais urgente, nada mais be Pedra. Para sermos felizes

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Pé na Bunda!!!"



Pé - parte inferior ou terminal dos membros inferiores; pata; órgão musculoso da locomoção dos moluscos; base; pedestal; parte inferior de certos objetos. 

Bunda - diz-se de uma língua africana, falada pelos indígenas de Angola; mulher da raça dos Bundos; Angola, Brasil, nádegas (com o sentido sensual). Nessa história temos apenas dois personagens distintos que fazem parte de nossa tão intima anatomia, eles vivem até que bem distantes, eles são o Pé e a Bunda, achavam que nunca se encontrariam, mas às vezes existe um metafórico choque entre eles. 


O que é um Pé na Bunda? Um trato feito entre duas pessoas, dificilmente proposto pelas duas pessoas ao mesmo tempo. Em 99,9% dos casos, a proposta parte do interessado ou proponente e o oponente é voluntariamente obrigado a aceitar. Nesse trato o proponente entra com sua parte no trato, o Pé e o oponente cede a Bunda - sem prazer - para que o arremesso – finalização do desvantajoso trato seja desfeito.  


Como pode acontecer um Pé na Bunda - Num belo dia, você está em casa na tranqüilidade de seu “Lar Doce Lar”, sossego de quem vive um tórrido romance sólido e promissor. Enquanto você está deitado(a) no sofá fazendo aquela novelinha em sua cabeça, onde vocês se beijam com roupas esvoaçantes no alto da montanha ou na praia ao som de uma boa trilha sonora... Eis que o telefone toca e simplesmente é ELE, que marca um encontro do qual nada quer adiantar. Você vai correndo encontrá-lo tentando adivinhar qual será a surpresa que ele vai te fazer. 


No decorrer do Pé na Bunda - Chegando lá, ele age friamente, está totalmente diferente no modo de agir, não te olha nos olhos, nada de contatos muito próximos, como se você estivesse de quarentena por uma doença infecto-contagiosa. Logo, você bobona e apaixonada, procura uma justificativa plausível para aquele "Iceberg Festival". 


Motivo 1 – Glória Peres - Será que ele foi clonado, assim como o meu celular e meu cartão de crédito? Ou será que ele está de partida para a América ou para as Índias? 


Motivo 2 - Invasores de Corpos – Será que ele foi abduzido e voltou com um allien no comando de seu cérebro? 


Motivo 3 - Ruth & Raquel – será que ele tem um irmão gêmeo sacana e nunca contou para você? ... Mas logo sua esperta fichinha despenca quando ele diz: 


Diálogo do Pé com a Bunda -Olha! Você é muito legal, nossa relação está sendo muito legal, foi muito legal ter te conhecido, legal mesmo cara, mas... mas... mas... 


Oh! Mundo cruel! Por que? Justo comigo! – Impossível de se numerar todas as causas de um Pé bem lá no meio, porém a causa mais comum é... 


Causa 1 - Substituição de produto na gôndola da vida - Aceite! Infelizmente você foi trocado (a) por outra mercadoria. Produto novo no mercado. Se for de melhor qualidade, se vale mais ou não, nem pense nisso! Releve, jogue para o Cosmo, aja como um ser superior e de bem com a vida. Não cabe a você julgar se foi trocado por algo pior que você. Ops! Paixão é como lotação, perdeu uma, logo vem outra atrás com o cobrador aos berros esbravejando o trajeto a ser percorrido. 


Causa 2 –Kama Sutra – Pode até ser que você era a pessoa certa, no lugar certo e na hora certa, mas de repente seu desempenho sobre aquele confortável e espaçoso móvel do quarto – A CAMA – não fosse dos melhores, ele gostava de você, mas na hora do - Vamos ver! – o peixinho morria na praia com a boca cheia de areia.  


Causa 3 – Cirque du Soleil - A performance é um fator importante na relação, às vezes ele é o seu príncipe dos seus sonhos, mas não transa como o cavalo do príncipe, ta mais para Cinderela. Conforme-se e pratique – com camisinha, é claro – somente através da prática, pode-se chegar ao bom padrão de qualidade. E sem essa de - não faço isso, não faço aquilo - ajoelhou tem que rezar e se saiu na chuva se ensope até a medula, ta no inferno, sente no colo do capeta. Não vá também com tanta pressa querendo ser um trapezista/malabarista/contorcionista na cama, você não é um circo, se exagerar o único prazer será a dor no dia seguinte. 


Causa 4 – Nossa Caixa, Nosso Banco – Aquela situação de contar os trocados para dividir uma pizza de mussarela sem vergonha no sábado a noite, pode ser fatal, alguém com um cofre melhor – digo, cofre monetário – ou um carro melhor, se você andava com ele a pé e agora ele anda motorizado com outro, está tudo explicado. 


Como se livrar da Dor do Pé na Bunda – Suas nádegas ainda estão com hematomas, ainda doem e causam desconforto no balançar de seu leve rebolado – Bola pra frente! Calma! Não falo de testículos, deixe os no mesmo lugar. Vida nova... 


Esqueça! - Quem nunca te valorizou. Vá pra janela... – e acalme-se! Não se jogue! Se achar que não segura a onda, fique no meio da sala. O importante é fechar os olhos, respirar bem fundo.  


Se admire no espelho - e veja o quanto você é gostoso(a), aproveite e faça um strip-tease para você mesmo e veja o que o falecido(a) perdeu. Faça uma lista - de todas as suas virtudes, faça um sacrifício e ache pelo menos umas 10, afinal você é um homem e não um hamster, até eles tem no mínimo 10. 


Faça uma lista - com os defeitos dele(a), no mínimo com o dobro da sua, escarafunche, não vai dizer que era tudo lindo, pense numa remela, mau hálito, joanete, fora os defeitos não palpáveis, devem ser inúmeros. 


Caia na gandaia - e prove novas mercadorias que entraram no mercado enquanto você perdia seu precioso tempo com quem viria a te dar um Pé na Bunda. Faça novos tipos de acordo onde você entra com a bunda e o oponente com outras partes do corpo bem mais desejáveis. Nem pense em dizer - que só vê o infeliz na sua frente e que nada se compara ao dito cujo. 


Fique com o primeiro – que cair na rede, se ele puder ver, melhor ainda, caso seja melhor que ele, ótimo, suas ações sobem na bolsa. Se for um dragão, ótimo, ele vai se sentir equiparado a um, vai até ter uma crise. – Nossa! Depois de mim, ela pegou isso! Depois dessa batalha - você deve estar bem mais forte e como os fornos modernos, com um bom sistema autolimpante. 


Pronto! Você já está bem melhor - para evitar recaídas, livre-se de todos os presentes! Os de valor pode deixar, afinal tudo vale a pena quando a grana não é pequena. O que sobrar jogue no lixo, na privada também é ótimo, cuidado para não entupir e ele te dar mais um “prejú”, aquelas porcarias que ele te deu, fotos, cartões, quinquilharias, badulaques e bugigangas tem que sumir do mapa.Nem pense em ouvir – “aquela música” de vocês, corra se tocar em algum lugar, CDs de Maria Bethânia, nem pensar, banidos, ainda mais de andares altos.  


Moral da História – Quem com pé lá... fere, com pé lá... será ferido. A Terra gira e a fila anda.

domingo, 26 de setembro de 2010

“Trilha Sonora”

Ouço sons
Variados ruídos
Sussurros e gemidos
Carros que avançam
Respirações ofegantes que se cansam
Animais humanos e humanos selvagens que amansam
Ecoam cantos
Escorrem prantos
Dispersam burburinhos
Buzinas nas esquinas
Malabares pirofágicos
Nos faróis trágicos
Bater das asas das pombas dos mágicos
Diálogos verborrágicos
Paixões latentes
Clamores dos doentes
Deslizar dos pentes
Desesperos das gentes
O balançar dos cílios de quem mente
O duelo dos anjos e dos demônios
A guerra dos sinônimos e dos antônimos
Os passos da despedida
As pegadas da volta
Dos percalços tortos
A saudade dos mortos
As batidas do coração no primeiro encontro
O sopro do outro
Navios no ar
Aviões no mar
Trens em trilhos
Da trilha senhora
Dos trilhos sem hora
A hora sem ida
A trilha sonora da vida


terça-feira, 14 de setembro de 2010

“Talvez Tarde”

O que falar?
Por que falar?
Para quem dizer?
Olá...
Em quem chegar?
Nadar até...
Palavras nas bocas
Para perpetuar ideias
Poesia contraditória de concreto armado
Janelas acesas agora
Que já se apagaram há décadas
Tal como estrelas adormecidas em coma induzido
Assim falar para o cosmo
Assim calar para um ósculo
Leve orgasmo de um roçar de lóbulos
Enquanto a poesia chega
Há um silêncio atrás da porta
Tem Luzía atrás da horta
Mesmo porque, Inês já é morta
Quem se importa?
Então fale agora
Não importa o quê
Seja para quem for
Não espere a alvorada
Antes que as palavras se afoguem sem te ouvir
Que as ideias se dissipem sem chegar
Que a poesia se esfarele como bolo de fubá 
de duas torres
Que as janelas não se acendam
Por que as estrelas agonizam em dor
E os orgasmos se intimidam em bolor
A horta apodrece exalando mau odor
Enquanto Luzia enterra Inês
E a porta se fecha
O silêncio adormece...


sábado, 4 de setembro de 2010

“Cabide”


Despistastes
Fugistes
Disfarçastes
Mas chegastes à conclusão
Que sou teu melhor ninho
O mais seguro afago e repouso
Então voltas como quem não quer nada
E me vestes
Viestes me vestir
Voltastes para descobrir e cobrir minha nudez
De Vestes
E eu fico assim parado te aguardando com cara de pau
De pau duro
Preso
Capitão gancho
Prisioneiro clandestino
Sem saber o que fazer
Muito menos pra onde ir
Pendurado no pau de arara
Sem tortura física
(Somente tortura moral e psicológica)
Sem sair do armário para os dias
Então te despes diante de mim
Me vestes e te vejo assim em pele
Já que viestes
Feche as portas
Que agora sim
Aqui dentro tomo tua forma
Teus ombros bebem forma de mim
Meus companheiros
Pobres soldados desarmados ficam sós
Enquanto alguém não desfaz a bagagem